“A suprema jabuticaba, com uma punição de mentirinha para Réunan Calheiros, desmoralizou a mais alta Corte do Judiciário perante maioria da opinião pública que luta contra a corrupção e a favor de um Brasil honesto e transparente. O julgamento de Réunan, que deveria produzir um histórico acórdão, acabou parecendo o resultado de um “grande acordão” entre os poderosos da República.
Feliz com a goleada por 6 a 3, Réunan ponderou que recebeu com humildade a decisão patriótica do STF. Os deuses do mercado financeiro embarcaram no cinismo alegre do Réunan. Como de costume, o pragmatismo cínico falou mais alto que o espírito de cidadania. A permanência de Calheiros na presidência do Senado era considerada fundamental para uma rápida aprovação do PEC dos Gastos – que não vai reduzir despesas de verdade, mas que garantirá recursos para pagamento da rolagem da dívida pública – única coisa que interessa ao rentismo tupiniquim, além dos costumeiros lucros fáceis na base da especulação improdutiva.
A pseudo democracia brasileira (uma legitimada Oclocracia) saiu ainda mais enfraquecida após a decisão do STF. A manchete do jornal O Globo resumiu bem o que aconteceu: “Desobediência Premiada”. Réunan deu péssimo exemplo de ter descumprido a ordem judicial que o afastara do cargo. O poderoso Renan sequer foi punido pela recusa de assinar a intimação que um oficial de Justiça não conseguiu lhe entregar. Réunan foi premiado, ganhou mais poder ainda e vai ditar as regras para aprovar seu projeto de Lei sobre Abuso de Autoridade – cujo objetivo é atingir magistrados e membros do Ministério Público.
Nas redes sociais, o STF virou alvo de críticas pesadas. Muitas delas assinadas até por magistrados. Em muitas delas, o Supremo é apontado como o maior responsável pela impunidade do País: “O STF mantém mais de 700 processos em banho maria, e agora com a decisão que favorece ao Réunan Calheiros envergonha a toga e demonstra que os magistrados são desunidos, ao contrario do executivo e do legislativo,o que fragiliza mais ainda a toga”.
Vale insistir nos abusos cometidos pelo poderoso alagoano: Réunan desobedeceu ordem judicial. Réunan cometeu claro desvio ético jurídico. Réunan avacalhou o instituto do judiciário, fugindo do oficial de Justiça que lhe entregaria a intimação do STF para deixar o cargo. Reúnam violou, vergonhosamente, os princípios elementares do estado democrático de Direito. Réunan comprovou que não tem o menor apreço pela ordem legal e constitucional. Réu em processo crime autorizado pela Corte suprema, Réunan é completamente desqualificado para presidir o Congresso Nacional e para permanecer na linha sucessória da Presidência da República, como presidente do Senado. Réunan agravou a crise institucional brasileira.
O triunfo de Reúnam foi uma vitória indireta do PT. O senador Jorge Viana, vice de Renan, posou como um dos articuladores do “acórdão” que beneficiou Renan. Por coincidência – feliz para a petelândia -, uma fotografia do juiz Sérgio Moro sorrindo com Aécio Neves foi estrategicamente usada pela marketagem petista. Viralizou nas redes sociais a conveniente interpretação de que a imagem seria uma “prova” de como o juiz tende a poupar políticos do PSDB (por ter afinidade ideológica com eles, especialmente Aécio), enquanto promove uma perseguição implacável contra os petistas, principalmente o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O renascimento da petelândia vai se desenhando no horizonte político. Renan Calheiros – centroavante do time de José Sarney e demais craques do PMDB – fica ainda mais fortalecido. A imagem do Judiciário, sobretudo do Supremo Tribunal Federal, fica arranhada. Paira no ar uma evidente armação: o Senado aprovará a Lei sobre Abuso de Autoridade, com ressalvas que poupem magistrados, mas os políticos deixarão de lado aquela polêmica sobre supersalários que tanto incomoda a muitos togados…
Assim caminha o Brasil em ritmo de conchavos para adiar uma ruptura institucional mais próxima a cada momento…“ (Jorge Serrão – Alerta Total).
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