“A Lava Jato informou nesta terça-feira (10) que parte do dinheiro para a compra do sítio de Atibaia (SP) teria vindo de um esquema envolvendo repasses suspeitos de mais de R$ 132 milhões da empresa de telefonia Oi/Telemar para o grupo de empresas Gamecorp/Gol, cujos donos são Fábio Luis Lula da Silva (o Lulinha), filho do ex-presidente Lula; Fernando Bittar, Kalil Bittar e Jonas Suassuna. Bittar e Suassuna são os “donos oficiais” do sítio, pelo qual Lula foi condenado pela Lava Jato. A investigação envolvendo Lulinha faz parte da 69ª fase da operação Lava Jato, deflagrada nesta terça.”
“O procurador da Lava Jato Roberson Pozzobon afirmou que o que está em apuração são as evidências de que o sítio de Atibaia pode ter sido adquirido por Fernando Bittar e Jonas Suassuna com dinheiro repassado pela Oi. A empresa de telefonia, por sua vez, é investigada por supostamente ter sido beneficiado pelo governo federal na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a investigação, o grupo Gamecorp/Gol era contratado pela Oi/Telemar para prestar diversos serviços, mas não tinha mão de obra ou ativos necessários para realizar os trabalhos – uma evidência de que era um contrato de fachada para simular a legalidade dos pagamentos, que na verdade seriam propina.”
“Os procuradores acreditam ainda que a PJA Empreendimentos, uma das empresas do grupo Gamecorp/Gol, teria aportado recursos para Suassuna e Bittar comprarem o sítio. As contas deles seriam “irrigadas” com dinheiro do grupo Gamecorp/Gol, que por sua vez recebiam dinheiro da Oi/Telemar. Foram encontrados planilhas e e-mails que indicariam as transações. “Foram cerca de R$ 132 milhões repassados pelo grupo Oi/Telemar para o grupo Gamecorp/Gol.
Algumas empresas do grupo Gamecorp/Gol receberam quase que exclusivamente [recursos] do grupo Oi. A gente consegue, em virtude dessas circunstâncias, rastrear o dinheiro entre repasses do grupo Oi, o meio do caminho pelo grupo Gamecorp/Gol e o aporte final de uma parte dos valores para a aquisição do sítio”, disse Pozzobon.
Em uma das planilhas investigadas, a PJA constava como prestadora de serviços de assessoria jurídica. Porém, a empresa de Lulinha não tem esse tipo de atividade. Um pagamento efetuado em abril de 2009, na conta do Jonas Suassuna, teria sido feito imediatamente antes de ele comprar o sítio, disse o procurador. As investigações mostram que o esquema teria funcionado entre 2004 e 2016.
Mais de 50% dos valores recebidos pelo grupo Gamecorp/Gol vinha de pagamentos efetuados pela Oi/Telemar. Por não possuir condições de realizar os serviços para os quais eram contratados, a Gamecorp usava terceirizados. De acordo com os procuradores da Lava Jato, a Oi contratou a empresa justamente porque o filho de Lula era um dos sócios.” (Texto de Camila Abrão – Gazeta do Povo).
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