“Regina Duarte ainda não assumiu a Secretaria Nacional de Cultura e já deve estar arrependida de ter aceitado o cargo. Como a atriz ainda não praticou nenhum ato no seu novo papel, o arrependimento que a toma de assalto é inspirado mais no medo das consequências do que no remorso pelo que ainda não fez.
Antes que pudesse enfrentar os adversários da turma de Olavo de Carvalho, Regina descobriu que os seus aliados do meio artístico estão reunidos num grupo de amigos 100% feito de inimigos. O ator José de Abreu é o neo-inimigo mais tosco de Regina Duarte. Ele se vangloria de ter frequentado a intimidade da ex-amiga —”Eu sei o que fizemos na sua casa, na Barra da Tijuca…”—, e não se envergonha de dizer coisas como: “Fascista não tem sexo”. Ou: “Vagina não transforma uma mulher em ser humano”.
Em matéria de perversão de gênero, não convém discutir com Zé de Abreu. Ele é um especialista. O fato de ter um órgão genital masculino não o impede de idolatrar um corrupto de terceira instância e enaltecer um partido que saqueou o Estado.
Mais surpreendente do que a inimizade escancarada de José de Abreu é a amizade envergonhada de artistas que, tendo declarado apoio a Regina Duarte, criticaram a nova secretária de Cultura por ter exposto nas redes sociais as fotos dos que disseram apoiá-la. Maitê Proença, Luiz Fernando Guimarães, Carolina Ferraz e outros são amigos apenas no escurinho.
Quando a luz acende, fazem cara de nojo. Regina Duarte encena o papel mais contraditório de sua carreira. Aceitou participar de um governo movido a guerra ideológica. E declara que deseja pacificar a classe artística e colocar a cultura do Brasil acima de ideologias e partidos. Deveria prestar atenção às palavras ditas por Bolsonaro em sua defesa. “Tem um ator aí batendo nela… E não vi ninguém, das feministas, essa esquerda festiva, falando nada”.
A receita do presidente para a nova auxiliar é que ela precisa ter “mais maldade”. Quem ouve Bolsonaro fica com a impressão de que a pacificação pretendida por Regina Duarte é uma busca pela quadratura do círculo. Um objetivo irrealizável.” (Josias de Souza).
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