“As relações entre FHC e Lula produziriam excelente conteúdo para um drama recheado de conflitos shakespearianos.
Fernando Henrique atravessou muita avenida de braços dados com Lula em históricas manifestações. Durante a Constituinte (1987-1988), FHC liderava a bancada do PMDB e Lula a bancada do PT. FHC formou o MUP (Movimento pela Unidade Progressista), que seria a plataforma de lançamento do PSDB e juntos empurraram a Constituição para o lado esquerdo onde estamos até hoje atolados. Em 1994, num encontro ocorrido em Princeton, combinaram a estratégia eficiente que manteria a esquerda no poder por um quarto de século.
FHC sempre viu Lula e o petismo como subprodutos de seu próprio projeto para o Brasil e para o continente. Há diferenças, por certo, entre ambos. A maior delas é de natureza psicológica. Lula gostaria de ter sido FHC e este gostaria de ter sido Lula. Aquele nutre indisfarçável sentimento de inferioridade em relação ao cacique tucano. Este se constrange com a própria formação acadêmica e gostaria de ter sido um líder popular. FHC trocaria tudo pela capacidade agitar as massas num comício de operários do ABC. Há um indiscutível pigarro petista enrustido nas falas, afeições e na alma do tucano.” (Texto de Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, arquiteto, empresário e escritor).
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