“A economia cresceu 1% no primeiro trimestre, o desemprego teve redução dramática e o superávit é o maior em 20 anos.”
Continuando com a matéria de J.R. Guzzo, publicada no jornal Gazeta do Povo em 6 de junho de 2022: “A economia do Brasil cresceu 1% no primeiro trimestre de 2022, o que não é um marco na história universal do progresso — mas é simplesmente três vezes mais que “0,3” que os sábios do FMI previam, com a certeza de quem ganha um Nobel de Economia.
É óbvio que os economistas brasileiros mais procurados pelos jornalistas concordaram de olhos fechados com essa previsão deprimente — alguns deles, como se sabe, estão nessa vida há mais de 30 anos, falando sem parar que “o modelo” capitalista morreu no Brasil, e não vai ressuscitar nunca mais. Era a prova final, segundo eles, que “o Bolsonaro” está arruinando o país; no máximo consegue “despiorar”, mas com certeza está conduzindo a economia brasileira para a sua destruição.
Não é só o crescimento econômico. O desemprego teve uma redução dramática. Caiu de 14,8% para 10,5%, segundo a última aferição — e isso significa, na prática, que no momento há 100 milhões de brasileiros com trabalho formal, com o índice de ocupação superando os números de antes da pandemia. É o melhor índice desde 2015. Há nove meses seguidos o país tem superávit fiscal, gastando menos do que arrecada — apesar de todas as despesas com o combate à covid, verbas extras para a saúde dos Estados, 500 milhões de doses de vacinas e o auxílio emergencial em dinheiro para os cidadãos, hoje no valor de R$ 400 por mês e oficializado com o nome de Renda Brasil. A inflação de maio foi de 0,4 por cento — cerca de metade do que previam todos os economistas, analistas de banco e os especialistas do “mercado”.
O agronegócio pode ter em 2022 o melhor ano de sua história, e as exportações batem novos recordes. Resumo desta opera: para um país que precisa crescer como uma China durante dez ou 20 anos para sair da pobreza, o desempenho da economia é ruim — até por problemas estruturais, legais e políticos que impedem o crescimento de qualquer nação. Mas a realidade da economia brasileira de hoje não tem absolutamente nada a ver com o quadro de calamidade que é apresentado todos os dias ao público.
Sai alguma coisa num fundo de página ou num restinho de telejornal, é verdade, porque também seria impossível não publicar nada. Mas os comentários sempre dizem que os números estão “abaixo” do que deveriam ser e jamais que estão acima do que foi previsto; a situação, no seu modo de ver as coisas, apenas fica “menos pior”.
Da mesma forma, jamais se encontra, em alguma matéria indignada com a inflação brasileira, qualquer menção ao fato de que a inflação nos Estados Unidos está em 8,5% e a da Alemanha, o modelo extremo de seriedade e disciplina econômicas, está acima de 8% — os piores índices em meio século. Também nunca se menciona, quando falam de inflação, os dois anos de paralisação da economia, com os “fique em casa”, as quarentenas e os “lockdowns” aplicados com tanta excitação pelo Supremo Tribunal Federal, pelos governadores e pelos prefeitos; é como se nada disso tivesse existido, ou tido algum efeito sobre a alta de preços.
Em todo o mundo, a inflação só existe no Brasil, e só “o Bolsonaro” é culpado por ela. É um retrato acabado do Brasil de hoje, segundo a mídia. Só acontecem coisas mais ou menos “piores”. (José Roberto Guzzo, mais conhecido como J.R. Guzzo, é um jornalista brasileiro, colunista dos jornais O Estado de S. Paulo, Gazeta do Povo e da Revista Oeste, publicação da qual integra também o conselho editorial).
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