“A prisão de Michel Temer não foi uma surpresa nem mesmo para o preso. Nos últimos dias de sua Presidência, Temer disse a aliados: “Sei que vou ser preso, estou preparado.”
Há cerca de duas semanas, recebeu um ex-ministro em sua residência, em São Paulo. Disse que havia superado a fase da inquietação com a perspectiva de uma visita de agentes da Polícia Federal. Repetiu que se considerava “preparado para enfrentar a prisão”.
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Temer atribuía a certeza da prisão não a um reconhecimento de culpa, mas ao que chamava de “espetáculo da Lava Jato”. Longe do corre-corre de Brasília, o ex-presidente vivia uma rotina de reclusão doméstica voluntária. De raro em raro, comparecia ao seu escritório. Dizia estar preocupado com o custo de sua defesa.
Lamentava que o amigo e criminalista Antônio Cláudio Mariz já não cuidasse dos seus processos. Conta agora com a assistência de Eduardo Pizarro Carnelós. Na quinta-feira da semana passada, Temer voltou a vislumbrar um prenúncio do que estava por vir.
O anúncio da encrenca futura foi como que esboçado numa intervenção feita pelo ministro Luís Roberto Barroso, no plenário do Supremo Tribunal Federal. Deu-se no momento em que Barroso votou contra o envio de processos sobre crimes comuns para a Justiça Eleitoral.
A certa altura, sem mencionar-lhe o nome, Barroso citou frase de um ex-ministro de Temer, Carlos Marun: “Somos o país em que o ministro de Secretaria de Governo de gestão anterior declarou: ‘O Brasil fez opção pelo combate à corrupção, no lugar de combater bandido.’ Eles acham que corrupto não é bandido. Essa é a mentalidade que ainda vigora no Brasil. Eu acho que são bandidos. E altamente perigosos.”
Na sequência, Barroso fez alusão ao processo sobre corrupção nos portos, protagonizado por Temer. Novamente, absteve-se de citar o nome. “Presidi recentemente um espantoso inquérito conduzido com imensa proficiência pelo delegado Cleiber Lopes, e que resultou em uma impressionante denúncia formulada pela procuradora-geral da República Raquel Dodge. Doutora Raquel e eu falamos do significado da corrupção estrutural, sistêmica e institucionalizada no Brasil.” (Josias de Souza).
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