Ilustrador faz sucesso no AM com humor ácido na internet.
“Você lembra da situação que a senadora Vanessa Grazziotin viveu quando jogaram um suposto ovo em sua cabeça durante as eleições de 2012? Esse fato, conhecido como “Farsa do ovo”, repercutiu em todo o Brasil, inclusive, virou meme nas mãos do artista e designer gráfico, Johil Camdeab, de 70 anos, que é baiano e vive em terras barés há 16 anos. Antes de ficar famoso com os memes criativos, Johil era bancário e usava o nome de batismo, José Hilcério Campos de Abreu, para assinar as charges que produzia para o lendário jornal O Pasquim.
Ele conta que trocou o nome artístico para diferenciar do que usava na carreira bancária. A sua primeira experiência surgiu em 1978, quando participou da exposição natalina da Panorama Galeria de Arte em Salvador, na Bahia. A partir disso, ele nunca mais parou.
“No mesmo ano, eu fui selecionado para o VI Salão dos Novos do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco e para o Salão Oficial de Arte, no mesmo Estado. Em 1979, ainda em Pernambuco, tive quatro trabalhos destacados na Exposição de Nus no Museu de Arte Contemporânea. Fui premiado no I Salão de Artes da Academia de Artes e Letras”, contou o artista. Ainda rapaz, nos anos 70, passou a enviar colaborações para O Pasquim, o lendário jornal que deu muito trabalho aos generais que dominaram o país durante o período ditatorial.
Com a chegada do computador e da internet, Johil se interessou e aprendeu a mexer em programas de tratamento de imagens. “Aprendi a utilizar as mais variadas técnicas de desenho e pintura para produzir os trabalhos, ilustrando a notícia mais importante do dia da classe política”, contou.
Para ele, a imagem hoje é reconhecida como o veículo mais eficiente, portador de informações e mensagens a serem levadas ao público. O meme tem um diferencial ainda mais forte que é o poder de viralizar uma informação. Ou seja, ele se espalha rapidamente entre vários usuários e alcança muita popularidade.
“Utilizo o meme por hoje ser o mais temido e pela capacidade de registrar o cotidiano político da sociedade. Ele reproduz situações e personagens reais através de imagens distorcidas pelo autor, que – involuntariamente – é visto como figura de oposição. Ele tem a capacidade de em um único post, muitas vezes sem texto, de colocar desordem no plano da ordem.”
De acordo com Johil, o humor é o único caminho e a forma mais direta de atingir pessoas que não estão dispostas a ter uma reflexão mais séria sobre situações e atitudes que podem manipular, enganar e até mesmo tentar justificar o injustificável.
“As figuras públicas estão sujeitas a uma crítica mais intensa da mídia e do público de um modo geral. Desde que as diversas formas de governo foram constituídas, os políticos e governantes tornaram-se fontes inesgotáveis de inspiração de humoristas e cômicos, institucionalizando o humor como ferramenta válida de crítica social. Ele é protegido pela liberdade de expressão e manifestação do pensamento”, explicou.
Johil Camdeab é um desses artistas gráficos de humor ácido que não perde uma oportunidade. Mesmo que para isso tenha que passar por certas intimidações. Ele conta que recebeu uma ligação de supostos assessores políticos da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), na ocasião da “Farsa do Ovo”, pedindo que ele tivesse mais cuidado e evitasse colocar pessoas como ela em seus memes.
“Ligaram-me de um número de Brasília afirmando ser da comitiva dela e pediram daquele jeito político para eu retirar do ar o meme, mas eu não fiz”.
Um episódio parecido ocorreu quando ele foi brincar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também recebeu uma ligação direto do Planalto Central.
“Quando me ligaram dizendo que eram do departamento de mídias e internet da Presidência da República, quase não acreditei. Me informaram que eu estava sendo ‘monitorado’ por eles por fazer memes do presidente. Da mesma forma, respondi que não tiraria do ar porque temos a liberdade de expressão”.
Assim, ele reafirma que a sua luta não é contra pessoas ou partidos, mas sim contra a corrupção endêmica disseminada em todas as instituições públicas, privadas e em outros níveis da sociedade brasileira.” (Matéria publicada pela jornalista Bruna Chagas no Amazonas em Tempo de 11 de agosto de 2017).
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