Por Percival Puggina: “POVO CUBANO VIVE UM DOS PIORES MOMENTOS DE SUA HISTÓRIA. Com a Covid alcançando níveis altíssimos de disseminação e contaminação, o sistema de saúde cubano entrou em colapso. Neste domingo, após anos de repressão e silêncio, multidões começaram a sair às ruas, pedindo democracia, atenção e socorro externo para as necessidades humanitárias da Ilha…
Não guardo esperança de que esta insurgência possa representar alteração significativa no comunismo cubano, tão admirado e apreciado pela parcela dominante da esquerda brasileira. Este pequeno trecho de um artigo que li ontem no site CubaNet é um retrato doloroso da realidade que vi de perto, vivida pelo povo da ilha há mais de 60 anos. O título do artigo é “Em Cuba, a violência não começou com a Covid-19”.
Aqueles de nós que vivemos em Cuba, com os pés bem assentes no chão, sabemos que assim é, e que a violência nos foi tão bem fornecida desde o berço em pequenas doses, mas com altíssima concentração, que já temos por “normal”, por exemplo, que sejamos maltratados não só pelo funcionário público, pelo policial uniformizado ou disfarçado, mas também pelo dono da mercearia, pelo taxista, pela fofoqueira e pelos invejosos do CDR (Comitê de Defesa da Revolução), o professor primário ou do instituto, a enfermeira, o médico, camareira do hotel, o garçom e até o coveiro que se recusa a carregar o caixão porque não lhe demos uma gorjeta substancial.
Esse é o panorama psicossocial subsequente e pretendido pelos totalitaritarismos, nos quais “el pueblo” desarmado e sem poderes políticos reais, é mero vocabulário de discurso, despojado de toda forma desejável de liberdade. Não há melhor exemplo disso do que o fornecido por quem, desde fora da Ilha, apoia um governo que reprime as manifestações de um povo doente e com fome.” (Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor).
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