“Oficialmente afastada nesta quinta-feira do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff insistiu em seu derradeiro discurso na ideia petista de que a democracia é simbolizada apenas pelo voto popular. Ao tachar novamente o processo de impeachment de golpe e questionar sua validade, ela mais uma vez ignorou as instituições que fazem do Brasil um Estado democrático de direito – e que chancelaram o processo que culminou no seu afastamento.”
“A petista discursou em ambiente claramente planejado para disfarçar seu isolamento: cercada de seus agora ex-ministros e por parlamentares do que restava de sua base. Embora tenha falado em resistir, ao longo de todo discurso a presidente deu mostras de que nem ela própria crê no seu retorno ao prédio que acaba de deixar: embora, a rigor, só comece agora o julgamento do mérito do impeachment, todos os verbos de seu discurso falavam de um governo que já acabou.”
“Lula não falou, mas seu semblante abatido e choroso deixou evidente: o PT não acredita que voltará ao poder ao fim deste processo.” (Felipe Frazão, João Pedroso de Campos e Marcela Mattos – Veja.com)
“Na derradeira manhã do governo Dilma, quando as equipes do cerimonial e segurança do Palácio do Planalto instalavam grades e detectores de metal para organizar os espaços onde militantes, jornalistas e autoridades públicas ouviriam o discurso de despedida, o ex-ministro Jaques Wagner (PT) tentou interferir e foi desautorizado pelo comando da guarda militar. Ex-chefe do gabinete pessoal de Dilma, Wagner queria autorizar a entrada de cerca de cem mulheres para abraçar Dilma e levar flores. Segundo um funcionário da Presidência responsável pelo contato com movimentos sociais, Wagner ouviu do novo comandante a seguinte frase: “O senhor já não é mais ministro”. De fato, ele havia sido exonerado na véspera pela presidente.“ (Felipe Frazão, de Brasília – Veja.com)
“José Eduardo Cardozo havia pedido uma sala no Senado para conceder uma entrevista coletiva após sua fala na comissão do impeachment. A princípio, o espaço havia sido liberado. Isso até a oposição descobrir. Quando os oposicionistas descobriram, bateram o pé e conseguiram proibir o uso de uma das salas de comissões para a coletiva. A fala de Cardozo à imprensa vai acontecer no meio dos corredores do Senado.” (Severino Motta – Radar on line)
“A presidente Dilma Rousseff poderá manter, enquanto estiver afastada da Presidência da República, salário de R$ 27.841,2, o uso do Palácio do Alvorada (residência oficial do presidente da República), segurança pessoal, assistência saúde, avião, carro oficial e a equipe a serviço de seu gabinete pessoal.“ “A manutenção de direitos de Dilma será usada como parâmetro para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista foi suspenso do mandato e do comando da Câmara pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Cunha é réu no STF sob a acusação de receber ao menos US$ 5 milhões em propina de um contrato da Samsung Heavy Industries com a Petrobras. Apesar de afastado das funções, Cunha deve manter o salário integral de R$ 33.763, além do uso da residência oficial, segurança, motorista e carro oficial. A Mesa Diretora ainda avalia manter parte dos funcionários e uso de avião. Um ato será editado para garantir essas prerrogativas.” (Nathalia Passarinho e Laís Alegretti do G1, em Brasília)
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