“Lula jogou uma casca de banana nas redes sociais. Referindo-se a uma ação de João Doria, anotou: “A gente tem que reconhecer que quem tá fazendo o trabalho mais sério nessa crise são os governadores e os prefeitos.”
O governador paulista poderia ter passado adiante. Mas achou que seria uma boa ideia escorregar na casca: “Temos muitas diferenças. Mas agora não é hora de expor discordâncias…” Hummmmm!
Doria cometeu um erro muito velho —o erro da falta de coerência. Na política, a possibilidade de cometer erros é tão grande, que convém escolher os erros novos.
Noutros tempos, um político hábil nunca ficava tão próximo que no dia seguinte não pudesse estar distante, nem tão distante que no futuro não pudesse se aproximar. Na era pós-Lava Jato, porém, quem briga e faz as pazes com a mesma desconcertante naturalidade costuma migrar do campo da política para a seara da politicagem.
Na última campanha eleitoral, Doria era aliado de Bolsonaro. Celebrava a cana dura de Lula. Hoje, Doria briga com o capitão e troca amabilidades virtuais com o ex-presidiário.
Esse tipo de movimento pode servir para muita coisa, exceto para inspirar confiança. Ao contrário, estimula a convicção, já tão disseminada, de que a política é o território da farsa.
O eleitor fica autorizado a concluir que a política não deve ser levada a sério, muito menos os seus protagonistas.
Vá lá que a pessoa menospreze a própria biografia, mas um político que cultiva ambições presidenciais deveria ter mais respeito pela inteligência alheia.” (Josias de Souza).
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