“Cid Gomes tem de ser preso e acusado de tentativa de homicídio; políticos não podem tudo. A imagem do senador Cid Gomes atirando um trator contra uma multidão de policiais não me sai da cabeça. Espero que também não saia da dos juízes.
Experimente você, cidadão comum, atropelar, sem intenção alguma, pedestres numa calçada. Passará a vida se defendendo nos tribunais, recebendo intimações e gastando rios de dinheiro para provar que foi um acidente.
Experimente você, cidadão comum, atropelar, após beber singelas três latinhas de cerveja, pedestres numa calçada. Não só passará a vida se defendendo nos tribunais, recebendo intimações e gastando rios de dinheiro, como seguirá direto para o xilindró mais próximo, e de lá só sairá — se sair — após pagar uma polpuda fiança.
Pois bem. Eis o retrato de um país onde o Poder Público fala grosso com os cidadãos e mia, como um gatinho siamês, com os poderosos de turno. Um país em que, sendo um político influente, seus crimes ou nunca serão julgados (pois dormirão eternamente nas gavetas supremas) ou serão objeto de prescrição ou penas leves como a pluma.
O que Cid Gomes, irmão do não menos grotesco Ciro Gomes, fez, é caso de polícia. No mínimo, de manicômio judicial. O que não dá é para uma tentativa clara de assassinato cair no esquecimento.
Imagino o que não estariam fazendo, agora, a esquerda brasileira e toda imprensa caso o homicida fosse um senador alinhado com o governo atual. O que não estariam fazendo o PT, PSOL e afins se o motorista fosse Flávio Bolsonaro. O processo de cassação já estaria aberto e pronto para ser julgado. Editoriais de O Globo, Folha de São Paulo e Estadão estariam pedindo a cabeça, corpo, mente e alma do infeliz.
Grotescamente, o que se vê, é justamente o oposto. Folha de São Paulo e Rede Globo já culparam — como??? — a conduta beligerante (que deve ser sempre criticada, sim) de Jair Bolsonaro como a responsável pelo destempero emocional do coronel Gomes. E os políticos da esquerda, claro, estão mudos. Direito à greve só vale para petroleiros, metroviários, médicos, professores e outras categorias dominadas pela CUT. E notem: não acho que policiais têm direito à greve. Não só não acho como a lei proíbe! Mas para essa corja que costumeiramente se esquece da lei, quando lhes interessa, é sempre oportuno lembrar.
Consta que o abespinhado cangaceiro encontra-se internado. Que recupere-se logo e bem. E que siga do hospital para as mãos da Justiça. Daquela que funciona! E não da dos amigos engravatados. Desta, meu saco está pra lá de cheio.” (Ricardo Kertzman).
“Em sua coluna na Crusoé, Mario Sabino trata do episódio envolvendo Cid Gomes e os policiais amotinados em Sobral, no Ceará. Mario lembra o óbvio — o que é cada vez mais necessário nesses dias em que o debate político brasileiro exala o seu costumeiro alto nível: “Assim como as pessoas têm de tomar banho, escovar os dentes e cortar as unhas, elas não podem sacar uma arma e atirar em outra, a menos que seja numa situação extrema”.
E levanta algumas questões sobre Cid Gomes: “A primeira: ele tem licença para operar uma retroescavadeira? Máquinas pesadas requerem mais do que uma carteira de habilitação comum.
A segunda: qual era o teor alcoólico no sangue do senador no momento em que ele avançou com a retroescavadeira contra a massa de policiais e seus familiares?
A terceira: usar uma retroescavadeira dessa forma configura que tipo de crime?
A quarta questão: não seria o caso de submeter o senador a um teste de sanidade mental? Não parece sinal de equilíbrio psíquico lançar mão de uma retroescavadeira para provocar dezenas de policiais armados.” (O Antagonista).
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